segunda-feira, novembro 3

Contemplação

“Tudo o que peço é que você fixe o olhar por alguns instantes, com toda atenção, numa coisa simples, concreta, externa. O objeto dessa contemplação pode ser uma coisa que o agrade: uma pintura, uma estátua, uma árvore, a encosta de uma colina, uma planta que brota, um curso d’ água, pequenas coisas vivas. Não é necessário ir a céus estrelados. É uma experiência prática e não uma bela meditação panteísta.
Olhe para esta coisa que você escolheu. Rejeite, com muita vontade mas tranquilamente, as mensagens que inúmeros outros aspectos do mundo lhe enviam e concentre toda sua atenção neste único ato de contemplação amorosa, de maneira a excluir do seu campo de consciência todos os outros objetos.
Não pense, mas aja de modo a que toda a sua personalidade penda para essa coisa: deixe sua alma entrar em seus olhos. Quase instantaneamente, esse novo método de percepção fará aparecer qualidades insuspeitadas no mundo externo. Você primeiro perceberá à sua volta um estranho silêncio, cada vez mais profundo, e a diminuição da atividade de sua mente febril. Em seguida, tomará consciência de que a coisa que você observa adquire mais significado, de que sua existência se intensifica. Enquanto se debruça sobre ela, com toda sua consciência, você receberá em resposta um fluxo que virá ao encontro do seu. É como se a barreira entre a vida dela e a sua, entre o sujeito e o objeto, houvesse desaparecido. Você se fundiu com ela num ato de comunhão verdadeira, conhece agora o segredo de seu ser, profundamente e de modo inesquecível, e, não obstante, de uma forma que você jamais poderá esperar exprimir.”

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