segunda-feira, novembro 12

Netuno




Filho de Cronos e Réia, assim como seus irmãos, foi devorado pelo pai logo ao nascer, devendo a Zeus seu retorno à vida. Foi elevado à dignidade de deus principal no momento da partilha do governo do universo, tornando-se o soberano do mar, dos lagos e dos rios, o deus da navegação, das tempestades e dos terremotos, invocado pelos marinheiros que queriam garantir uma boa travessia. Tinha como atributos o tridente, o delfim, o cavalo e o touro.
O contato com o grande oceano do inconsciente coletivo, esse eterno armazém de imagens e sonhos, pode trazer terremotos psíquicos. Em geral, porém, os astrólogos percebem Netuno como um planeta suave, quase feminino pois o netuniano típico vive em outro mundo, sua visão volta-se para uma realidade interior que pode criar castelos de fantasia que deliciam as multidões ou que podem levar o nativo a um submundo escuro de escapismo e abuso de substâncias tóxicas.
O êxtase é ao mesmo tempo o dom e o defeito fatal do indivíduo netuniano. Os astrólogos com freqüência referem-se à década de 1960 como uma época muito netuniana – as drogas, os arroubos amorosos, o idealismo, a colorida roupagem boêmia sugerem Netuno muito fortemente. É perigoso ser possuído por um arquétipo. O ego humano comum não consegue lidar com isso. O xamã saudável, que cura a tribo, não cai vítima do tipo de possessão arquetípica que aflige tão facilmente os netunianos contemporâneos. Ele executa sua dança divina, tira sua máscara e volta à consciência humana comum.
Netuno instalou-se nas profundezas psíquicas do homem, tornando-se o símbolo de tudo aquilo que em cada um de nós não é consciente nem visível. É tão importante como fator astrológico que suas atribuições simbólicas ainda hoje são amplamente experimentais e as pesquisas a seu respeito são intensas. É possível ver o tridente como símbolo das profundezas inconscientes que dominam o consciente, pois os abismos marinhos são também símbolo do inconsciente e o depósito de tudo o que foi posto de lado. Portanto, ele agita as águas, provoca maremotos, faz a terra tremer e afundar, suscita os monstros do mar (os monstros do inconsciente) e engole deuses e criaturas numa clara analogia com o mecanismo de introjeção e do afundamento do Eu no Inconsciente.
Quando Netuno corteja Tétis, a Nereida, para casar-se com ela, uma profecia o alertou de que o filho nascido dessa união tornar-se-ia mais importante que o pai; Netuno, então, renunciou ao casamento com Tétis para evitar que se repetisse o trágico tema dos pais. Ora, Netuno é, portanto, o princípio de sublimação, de superação. É a renúncia à intenção para melhorar a consciência de si pois Netuno é um impulso irrefreável da energia psíquica instintiva que não conhece obstáculos, a expressão do Inconsciente Pessoal e coletivo. Porém, uma das coisas mais difíceis é espanar areia de nossos olhos, despertar e manifestar nossas visões, libertar-nos da escravidão e do cativeiro porque, uma vez em liberdade, precisamos fazer escolhas sozinhos, aceitar a responsabilidade por essas escolhas e viver de acordo com elas. E muitos de nós preferem viver de olhos fechados, culpando as outras pessoas por sua desgraça.
Negação significa “olhar para outro lado”. A negação baseia-se em olhar para longe da realidade. Quando a realidade (Saturno) é ignorada ou negada, Netuno toma a dianteira com sonhos, fantasias, vícios, ansiedade desenfreada, etc. Então o desafio é manter-se ligado a seu centro espiritual interior enquanto continuam a viver no plano material.
Como deus das tempestades e terremotos, Netuno era capaz de liberar sua raiva primordial e sua intensidade emocional sobre a Terra à vontade. Esse aspecto de Netuno não é bem compreendido, mas é o resultado quando emoções e instintos não tem permissão de existir na superfície ou quando não são liberados em intervalos apropriados.

Rejane Woltz Barbisan
Terapeuta

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