segunda-feira, novembro 19

Plutão




O inferno dos gregos, lugar subterrâneo fechado pelo rio Estige, onde as almas dos mortos privadas da luz do sol passavam uma estada melancólica. Hades, na origem, era uma divindade benfeitora, protetora das sementes, garantia de prosperidade agrícola, apelidada de Plutão (abreviação de Plutodote: “dispensador de riquezas”). Depois, transformaram-no em filho de Urano e Réia, irmão de Júpiter e Netuno. Quando seus irmãos destronaram o pai e dividiram o universo entre si, Hades recebeu o mundo subterrâneo, sua residência, que só deixou em situações especiais: quando raptou Perséfone (enquanto filha donzela de Deméter (Ceres) era chamada de Core), a qual tornou Rainha, ou para procurar Sísifo condenado por Júpiter a descer ao Tártaro. O rapto de Perséfone refere-se ao domínio dos homens sobre os mistérios da agricultura, até então praticados pelas mulheres, nos tempos primitivos. Era representado como um homem barbudo, de aspecto feroz, usando um kune, capacete que o tornava invisível.
Plutão é um deus ambivalente: é o deus da riqueza, do ouro, da fecundidade. Mas sua riqueza é invisível, sagrada e destrutiva, e todas as almas dos mortos consagram-se à sua soberania e à sua cólera. Se Júpiter reina nos céus e Netuno reina nos mares, Plutão tem seu reino no Tártaro, o império dos mortos, do Invisível. Ele pronuncia sentenças que não podem ser modificadas e seu capacete é símbolo do domínio inconsciente profundo. Plutão não era apenas o guardião dos Mortos, mas também um justiceiro: ele provoca a destruição tendo em vista a reconstrução; da energia criativa indiferenciada que se manifesta, também através da destruição, da negação.
A essência do fator astrológico plutônico é a capacidade transformadora erótica e alquímica que regula o ciclo vital sem que haja manifestações exteriores perceptíveis por parte da pessoa.
A história da subida de Plutão ao mundo exterior para raptar sua noiva Perséfone e fazer dela sua rainha, presumivelmente não houve problemas com ela, mas ele pode ter precisado dela para ser realmente rei de seu escuro domínio. Nas sociedades antigas, havia sempre uma deusa no mundo subterrâneo, assim como no mundo exterior. Psicologicamente, os instintos femininos se saem muito melhor nas regiões subterrâneas do inconsciente do que os aspectos masculinos. Plutão e Perséfone governavam juntos, exceto nos meses em que ela tinha permissão para voltar para sua mãe, Deméter.
Plutão tem espírito guerreiro, mas está incrustado no inconsciente e é libertado de forma esporádica e desajeitada nas épocas em que a pessoa está menos capaz de controlá-lo. Esta é a palavra chave para Plutão. Ele desafia o controle. Tem uma vida própria e, quando uma pessoa está envolvida num processo plutoniano, tudo o que pode fazer é esperar até que ele se resolva para que a mente racional possa novamente dominar. Plutão Trata de assuntos da vida e da morte e muitas pessoas tremem ao pensar que um trânsito de Plutão significa que há uma morte próxima. Sempre há morte de algum tipo nas proximidades, mas Plutão não trata apenas (e nem mesmo principalmente) de morte física. Normalmente há algum tipo de morte psicológica ou perda durante o trânsito de Plutão. A sensação é como a de ser sugado por um buraco negro e nada pode nos tirar desse buraco até que estejamos prontos para emergir. E qualquer que seja a experiência inicial de perda, manda-nos numa descida em espiral para as profundezas do inconsciente, onde precisamos encarar nossos demônios pessoais, nossos piores medos.
Os trânsitos de Plutão são longos e lentos. Representam períodos significativos de crescimento da alma e/ou experiências transformadoras na vida de uma pessoa.
Rejane Woltz Barbisan
Terapeuta

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