sexta-feira, agosto 31

Astrologia e Mitologia



URANO


Antes dos deuses, o espaço apresentava apenas uma confusa massa, em que se confundiam os princípios de todos os seres.
O Céu (Ouranos) tornou-se esposo da Terra (Gaia) e da união de ambos nasceram os Titãs, dentre os quais sobressaem o Tempo (Cronos, mais tarde confundido com Saturno), Oceano, pai dos rios, Atlas, personificação das montanhas, Japeto, antepassado do gênero humano. Os Relâmpagos (Ciclopes) e as Tempestades (Hecatonquiros), igualmente nascidos do Céu, surgem um instante, depois desaparecem, sem que saiba para onde vão. É que o Céu, quando lhe nascem filhos de tal espécie, os mergulha de novo no seio da Terra, mãe deles. Esta, no entanto, irritada com tal procedimento, instigou os Titãs a rebelar-se contra o pai: o Tempo (Cronos) chefiou-os e, armado de uma espécie de foice chamada harpe, que sua mãe lhe entregara, feriu gravemente o pai, reduzindo-o à impotência. O sangue que caiu sobre a terra fez com desta saíssem as Fúrias; o que caiu no mar deu nascimento a Afrodite (Vênus) personificação da atração.
Urano constitui um dos mais confusos de todos os arquétipos planetários. Como foi descoberto durante as Revoluções Francesa e Americana em 1781, foi relacionado à liberdade, à independência e a uma natureza revolucionária e rebelde. A palavra “pioneiro” foi aplicada a Urano e, de fato, os que nascem com Urano em proeminência parecem possuir um incrível espírito de pioneirismo mas também, com freqüência, vem o sacrifício de uma vida pessoal ou mundana.
Urano é o iconoclasta, o rebelde divino; é também o poder criativo da vontade humana. Seu primeiro aparecimento é como criador, e não como rebelde. A palavra latina Uranus deriva do grego Ouranos, que por sua vez relaciona-se ao sânscrito Varuna. O deus Varuna no Rig Veda é o criador e guardião da lei cósmica. Cria todo um universo pela força de seu maya (vontade criativa e não como ilusão). Havendo criado ele também mantém, pois é o juiz e o guardião da lei, a ordem moral que governa o mundo. Ouranos, na antiga Grécia, era o pai-céu original, o primeiro filho de Gaia quando ela surgiu do caos primordial. Tornou-se também seu esposo e os dois deram origem a muitos seres monstruosos, incluindo os Ciclopes, gigantes de um olho só. Seu poder derrama-se do céu como uma chuva. Em Astrologia, recebeu a regência de Aquário, signo sempre associado às “águas da vida”.
O poder da criatividade uraniana raramente chega a nós em sua forma pura, “cósmica”. As primeiras agitações do poder criativo normalmente causam turbulência na psique da maior parte dos indivíduos; essa turbulência se manifesta como rebelião contra o passado.
Urano no mapa astral é comparado à rebelião social de um indivíduo. Embora isso seja verdade até certo ponto, é igualmente verdade que a boemia das últimas décadas foi produto tanto de Netuno quanto de Urano. Também lhe é atribuído talento para a invenção científica, mas devemos nos lembrar no lado escuro da tecnologia.
Urano pode ou não ser socialmente rebelde – sua premência por liberdade pode ser expressa em um nível interno e não por meio de um estilo de vida. O governo tirânico do deus-céu Ouranos deve nos prevenir que a ciência e a tecnologia podem tornar-se forças tirânicas ou limitadoras.
A solidão e o isolamento experimentados quando incorporamos o arquétipo de Urano é similar ao isolamento experimentado pelo arquétipo de Saturno (quando foi destronado pelo seu filho e banido para o Tártaro). Estas condições de banimento e liberdade se apoderam de uma pessoa quando ela está sob a influência de Urano em trânsito ou em progressão. E tudo acontece de forma explosiva – a repentina consciência de que a pessoa pode criar coisas magníficas e o repentino fim ou queda do estado divino que resulta quando a pessoa é trazida de volta à vida real.
Rejane Woltz Barbisan
Astróloga

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